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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Encontro Territorial P1+2 reune agricultoras/es e técnicos em Aracati

Participantes do Encontro Territorial do P1+2
Foi com a linda vista da Praia de Fontainha, em Aracati, que agricultoras e agricultores e técnicas/os da Obas reuniram-se durante dois dias para fortalecer e avaliar a execução do Programa Uma Terra e Duas Águas - P1+2.



Orestes Serafim - SDA, fala sobre a parceria do Governo do Estado do Ceará e Ong's
O encontro teve a participação do técnico da SDA - Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Orestes Serafim Neto que, numa roda de conversa, expôs para as/os participantes a parceria e a boa relação do Governo do Estado do Ceará com as organizações da sociedade civil, promovendo extenso diálogo e se sensibilizando com os projetos de tecnologias sociais pela convivência com o semiárido. Ele ressaltou que "o Governador do Estado do Ceará - Camilo Santana, por já ter sido secretário de agricultura, tem uma maior compreensão das necessidades de se apoiar as ações voltadas para as pessoas do campo. Tanto que além dos programas de cisternas, vem promovendo o projeto-piloto da tecnologia do reuso das águas".




Dinâmica: Os caminhos que percorri e percorro
Água como Direito
Circular por entre livros, folders, publicações, fotografias, nos remeteu a história construída ao longo dos anos pelas famílias e organizações sociais. Foi um momento de percebermos a importância que os movimentos sociais tem para o enfrentamento das desigualdades sociais, promovendo debates nas comunidades e intercambiando os saberes. Dona Teresinha Ricardo, do Assentamento Antonio Conselheiro, em Ocara, relembrou os momentos de grande dificuldade do passado, os avanços e o que ainda precisamos construir. "Nossa luta é incansável. Até hoje eu participo de reuniões porque eu acredito que é através da organização que a gente consegue ir pra frente. Não é fácil, mas eu não desanimo".




Airton - Comunidade Aroeiras/Aracati, falando sobre os vários aspectos da água em nossas vidas
Por onde anda a juventude?
Na dinâmica do Encontro Territorial, o debate se estendeu para a sucessão rural, da qual as juventudes ficam à margem, sendo ignorados seus desejos e entendimentos. Foi interessante perceber que agricultores/as experientes pontuaram que "os jovens não são ouvidos ou que são mal interpretados". Daí surgiu a proposta de um encontro de motivação para a participação das juventudes nos encontros do fórum também como protagonistas. Foi lembrada a importância do Levante Popular da Juventude como catalizador desse debate, já que o movimento tem possibilitado à juventude uma ampla reflexão sobre o seu papel social e político.





Alice e Natália apresentam passo a passo da execução do P1+2
Conexão entre equipes - Sistematização, Financeiro e Animadores e as realidades do campo
Compreender as diversas realidades do campo requer viver ou conviver com elas. Para isso, o Encontro Territorial também foi pensado para proporcionar às equipes do escritório as dificuldades, as alegrias, os êxitos e afetividades de quem está cotidianamente vendo as transformações das famílias a partir do recebimento das tecnologias. Mas também foi o momento das famílias recebedoras das cisternas compreenderem as exigências burocráticas que tem que ser cumpridas para o bom andamento dos programas, como o momento da foto, assinatura do termo de recebimento, conferência dos materiais de construção, dentre outros. A equipe da Obas elaborou um slide para facilitar a compreensão de cada etapa, trazendo um debate rico e esclarecedor.




Ozelina e dona Angélica, da comunidade Pau Pereira - Chorozinho apresentam as tecnologias do seu quintal produtivo.
Nunca é demais falar sobre os programas sociais
É uma prática da Obas trazer um pouco da história do surgimento da ASA até os dias de hoje. Segundo a coordenadora do P1+2 - Ivonete Marques - "Para que a gente se sinta parte dessa articulação, é preciso que a gente compreenda a missão da ASA e se sinta contemplado". A linha do tempo também é mostrada com muitas imagens sobre os projetos e o que as populações do semiárido já conquistaram.



O que queremos daqui em diante
O encontro foi para produzir conhecimento sobre as realidades do municípios contemplados nessa etapa do P1+2, e ninguém melhor do que agricultoras/es para expressar sobre cada ação pontuada no programa. Cada município falou sobre a mobilização das famílias, comunicação entre animadores, coordenação e famílias, entrega dos materiais, etc.

Ciranda: dona Teresinha traz a fé como elemento unificador.
E finalmente, durante a avaliação, os sentimentos de positividade entrelaçaram-se à partilha de conhecimentos, confiança, respeito, dignidade, fé, perseverança e desejos de bem viver no semiárido.

Participaram do Encontro Territorial do P1+2, agricultoras, agricultores de Ocara, Aracati e Chorozinho, jovens, comissões municipais, STTR de Russas e Jaguaruana, técnicas/os da Obas, técnico da SDA – Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Governo do Estado do Ceará,

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Agricultoras/es participam de capacitação em reuso de águas

Claudenê Lima - Elo Amigo - conversando com participantes da formação




“NOSSO DIREITO VEM, NOSSO DIREITO VEM
SE NÃO VIR NOSSO DIREITO, O BRASIL PERDE TAMBÉM”


Quem nunca viu, ao chegar numa casa no interior, a dona da casa aproveitar a água que lavou a louça para aguar as bananeiras ao lado da cozinha?
Sim... Ainda hoje essa prática é comum, mesmo nas famílias que já possuem cisternas de primeira e segunda água. Isso comprova que as agricultoras e agricultores são eternos experimentadores, que seus saberes se somam e se aprimoram com outras tecnologias alternativas.
Para nossa alegria, a Obas começou a trabalhar com o Projeto de construção coletiva de reuso das águas, transformando os olhares para a convivência com o semiárido. Serão 40 sistemas de reuso a serem implementados em Russas, Pereiro, Ocara, Limoeiro do Norte, Chorozinho e Pacajus.

Durante três dias, as famílias participaram de uma capacitação sobre a construção, manejo e benefícios da tecnologia social. E esse momento contou com a generosidade de dona Angélica, da comunidade Pau Pereira, em Chorozinho, que nos acolheu junto com sua família.
O coordenador e técnico de campo do Elo Amigo, Claudenê Lima Sousa conduziu a formação trazendo sua experiência e paixão pelo projeto, fortalecendo o nosso entendimento do quão é importante ouvirmos as vivências de quem povoa o semiárido. Segundo Claudenei, “A gente ainda não conseguiu se planejar pra não desperdiçar tantos alimentos. O excedente da nossa produção muitas vezes se estraga, vai pro lixo. Será que a gente sabe aproveitar os alimentos?” Ele sugeriu técnicas de congelamento das frutas na forma de polpa e capacitação em beneficiamento de doces, polpas, sucos, geléias, etc. como alternativas a esse desperdício.
Técnicos e agricultores trabalham em mutirão

“Já temos o desejo e agora temos a chance de produzir com qualidade”. A frase é do seu Jeová Portela, da comunidade Bolas de Cima, em Chorozinho. Assim como outras agricultoras e agricultores, seu Jeová não perde o otimismo quando se trata de promover o bem viver no sertão. Ele também arrisca dizer que “precisamos nos planejar para não desperdiçar a água usada. Não é porque agora tá chovendo bem que a gente deve esmorecer. A consciência pelo bom uso da água tem que ser pra sempre”.
Pedreiros montam o tanque receptor da água cinza

E é claro que esses dias de convívio também foram de muitas risadas e conversa ao redor de uma fogueira, em que uma lua tímida só resolveu aparecer bem tarde. O que não impediu que pudéssemos ouvir de dona Angélica a história da comunidade e um pouco sobre sua vida. Em sua fala, ela disse que “tem gente que pensa na agricultura familiar só em produzir pra venda, mas pra mim é pro sustento da minha família. Eu me preocupo com um alimento saudável. E se sobrar é que a gente vende. Mas eu faço mesmo é distribuir com os vizinhos e as pessoas que chegam aqui!”.
A interatividade não era só entre as famílias recebedoras da tecnologia, mas também com os pedreiros. Um dos momentos primordiais foi exatamente a execução da construção, onde todas as pessoas puderam conferir cada etapa do projeto.

Agricultoras observam atentas a construção do minhocário
Agora é aguardar a conclusão das construções com a certeza de que é mais uma tecnologia a serviço do bem viver com o semiárido.