Mesa de abertura da 14ª Semana das Águas |
Falar sobre o direito à água não
é novidade para os movimentos sociais. Entretanto, diante de tantos retrocessos
e perdas de direitos, esse é mais um que se vê ameaçado a partir da omissão do
Estado em garantir que a população, principalmente as das comunidades rurais,
quilombolas e indígenas tenham acesso à água de qualidade.
Na manhã de hoje – 20 de março, a
Obas realizou o “Seminário Água: fonte de direitos”. O evento faz parte da
programação da 14ª Semana das Águas e contou com a presença de estudantes da
rede pública municipal, professoras, representantes do poder público de
Barreira, além do prefeito do município, Alailson Saldanha.
A palestra foi movimentada pela
advogada e técnica do Esplar, Magnólia Said e Soraya Vanini Tupinambá, assessora de meio ambiente do Mandato É Tempo
de Resistência do Dep. Est. Renato Roseno – PSOL.
Durante a conversa, Magnólia Said
provocou com a seguinte pergunta: “Quem mais consome água?” Foi o mote para
trilhar outros temas como a influência dos bancos internacionais nas decisões
dos governos, a mercantilização da água, a elite rural e seu domínio sob as
comunidades rurais dentre outros. Magnólia trouxe muitos elementos
aparentemente distantes, mas que passamos a compreender o quanto reflete no nosso
cotidiano as decisões tomadas tão longe e tão perto.
Débora fala sobre os projetos ambientais desenvolvidos na escola |
A juventude teve junto,
representada pela Ana Débora Oliveira e José Vitor dos Santos Lopes, estudantes
da Escola Francisco das Chagas Ferreira, em Barreira. Os jovens foram eleitos
delegada e delegado para representar o município na Conferência Estadual da
Água, que acontecerá este ano. Debora se diz motivada a aprender sobre os
cuidados com a água e que na escola vem desenvolvendo um projeto sobre o tema.
Já o Vitor diz que sua fonte de inspiração foi a professora Ana Paula, que é
sempre entusiasmada e estimula a pesquisa, que se prolonga durante o ano.
Soraya Tupinambá responde as perguntas |
E o caminho seguiu na fala da
Soraya Tupinambá, que reafirmou a preocupação com a distorção das informações,
onde a população é levada a acreditar que cuidar do meio ambiente é
responsabilidade apenas das pessoas. “É preciso coerência na hora de se pensar
em todas as ações de conscientização ambiental. Não adianta a escola se
organizar para uma coleta seletiva do lixo, por exemplo, e em seguida o carro
que vem recolher, jogar tudo num canto só. Precisamos somar as ações através do
diálogo com o poder público local e daí por diante”. Soraya nos fez refletir
sobre a “hierarquia das águas” e seu impacto nas nossas vidas causado pelas termoelétricas,
as siderúrgicas, mineradoras e grandes empresas. “É preciso ter visão de gestão
de água. Chega de pensar que, basta chover que não temos mais com o que nos
preocupar. É preciso ter planos de armazenamento de água, de preservação dos
mananciais, de cuidado com as matas ciliares, de conscientização e mobilização
das cidades, pois elas também estão no semiárido e tem responsabilidade nisso”,
disse a assessora. Ela ainda trouxe a barbaridade ocorrida na semana passada
com a Marielle, exemplificando como lutar por direitos tem se tornado perigoso
em nosso país, principalmente para as mulheres, negras e da periferia.
Juventude que anima |
Um abraço coletivo cheio de
positividade encerrou o nosso encontro, reacendendo nosso compromisso com o bem
viver.