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terça-feira, 31 de maio de 2016

Representante do ISPN visita Feira Agroecológica e Solidária de Pereiro

A feira acontece na Praça da Igreja Matriz, no centro de Pereiro/CE


Foi com uma manhã nublada, num clima bem acolhedor, que a Feira Agroecológica e Solidária do município de Pereiro recebeu a equipe da Obas e o representante do ISPN - Instituto Sociedade População e Natureza. 

A visita faz parte do monitoramento e fortalecimento do Programa de Pequenos Projetos Ecossociais - PPP-Ecos, que possibilitou através de capacitações e estrutura física a instalação de três feiras: em Pereiro, Russas e Limoeiro do Norte.

Dona Lúcia vendendo seus produtos
Entre os produtos, foi possível encontrar doce de amendoim, queijos, mandioca, tapioca, ovos de galinha caipira, algumas frutas e verduras e até caldo de cana! Tudo isso sem utilização de agrotóxicos, respeitando os princípios agroecológicos.
Especificamente sobre a Feira Agroecológica e Solidária de Pereiro, vale ressaltar que a primeira aconteceu no dia 3 de agosto de 2015, equipada com dez barracas e vestuário (avental e boné) padronizados, balanças digitais, caixotes plásticos e material de divulgação.


Feirantes e equipe da Obas e ISPN  reúnem-se no STTR de Pereiro


Após a feira, a equipe reuniu-se no STTR com as/os participantes da feira para uma breve avaliação e resgate das propostas iniciais do projeto.
Durante a conversa, Renato Farias, técnico do ISPN falou sobre a missão do instituto e sobre o compromisso e parceria com as organizações e apoio aos projetos.


Segundo José Saraiva, agricultor e membro da comissão de organização da feira de Pereiro, "é sempre bom receber essas visitas pelo tanto que é necessário esses projetos que apoiam a gente que trabalha sem agrotóxico e com sementes de qualidade. Essa parceria com a Obas e o ISPN é fundamental porque muitos órgãos não governamentais não valorizam as nossas práticas".



"Desistir da feira é desistir de nós, porque a gente vai ter que comer, e pra isso vamos ter que comprar o que nós vamos consumir"dona Lúcia Martins
Também foram apresentadas as dificuldades do período, como a falta de chuvas (pelo quinto ano consecutivo) e o que isso representa para a produção. Dona Lúcia Martins, agricultora e feirante que mora no Sítio Morada Nova, disse que "muitas famílias que produzem pra feira não tem a cisterna calçadão. A gente sabe que isso faz a diferença. Como é que a gente pode ter um mamão, uma verdura e até galinha pra vender se não tem água? Outra dificuldade é o transporte, que a gente depende do carro de horário e às vezes a gente chega atrasada na feira". 

"Qual o aprendizado mais importante?"

Quando o Renato fez essa pergunta, obteve respostas diversas, como "as dicas de funcionamento da feira", "consciência na hora de plantar e não usar veneno", "trabalhar entendendo as dificuldades" e "respeitar a opinião das pessoas da feira". Isso porque durante as capacitações que antecederam a feira, esses temas foram debatidos para que a reflexão de uma feira diferente é possível, desde que toda a atenção esteja voltada também a cuidados com o não desperdício, o controle de gastos, as práticas agroecológicas de conservação. Outro ponto favorável é o escambo que ocorre ao final da feira, onde os produtos que não foram vendidos são trocados ou vendidos entre si.



Bora pro campo!

Casa de Sementes sendo concluída
Depois do almoço foi a hora de conhecer todo o processo de produção até chegar na feira. Fomos recebidos novamente pelo José Saraiva, dessa vez na construção da Casa de Sementes da comunidade Trindade.Em fase de acabamento, a casa faz parte do Projeto Sementes, que a ASA - Articulação do Semiárido Brasileiro vem executando em vários municípios. "Aqui a gente vai guardar nosso maior tesouro. E a gente tá muito feliz e orgulhoso porque foram feitos os testes de transgênicos em mais de 20 amostras de quintais diferentes e aqui tá tudo limpo! Nossas sementes estão salvas!", disse o agricultor muito animado.


Danilo, seu Paulino e José Saraiva
De acordo com as agricultoras e agricultores da comunidade, não é uma tarefa fácil, porque tem muitas sementes que estavam se perdendo, porque com a falta de chuva, elas não tinham como estocar uma quantidade maior e as sementes que iam ficando não tinham muita qualidade para germinar. "Mas a gente é insistente e cada um tinha um bocadim em suas casas, e agora a gente vai ter como compartilhar e guardar de uma forma mais segura e organizada", disse o agricultor. O espaço já está todo projetado na imaginação da comunidade, que vai preservar o pé de algodão e a babosa em frente a casa, e também já escolheu o nome: Casa do Juazeiro.


"Meu quintal tem de tudo"

Seu Francisco feliz em mostrar a sua produção de hortaliças e algumas frutíferas
No quintal do seu Francisco Oliveira, que possui uma cisterna calçadão, pudemos ver hortaliças e frutíferas, além do pé de urucum amarelo. É uma novidade na comunidade, que dona Maria, esposa do seu Francisco fez questão de experimentar. "Eu fiz o colorau, que deixa o arroz bem amarelo. Fica uma cor bem bonita e eu não vi muita diferença no gosto", disse a experiente agricultora.


A força das mulheres
Katia conversando com a equipe
Depois foi a vez de conversar com a Katia Oliveira, que mora com suas duas filhas e o marido na mesma comunidade. Ela contou das dificuldades econômicas que enfrenta e como faz pra driblá-las. "Eu me viro de todo jeito. Eu faço doces, bolos, vendo perfumes, faço artesanato... Coragem não me falta. Às vezes a gente se desanima porque tá sem água, é difícil achar mamão aqui na comunidade e aí não dá pra fazer doce. Mas eu e minhas amigas damos um jeito de não deixar faltar produto na feira. Tem vez que eu já tô com os produtos arrumados pra levar pra feira e aí chega gente no domingo querendo comprar. Não dá pra deixar de vender, mas eu sempre separo a mercadoria da feira pra nunca faltar", disse a agricultora.

Seu Neto feliz da vida em sua propriedade


Também não podíamos deixar de visitar a propriedade do seu Neto, que tá sempre bem humorado. Ele diz que "não dá pra ficar se lamentando. Num dia tem uma produção melhor e outro dia não faz muita coisa, Mas o importante é levar os produtos. Os ovos que eu levo num instante eu vendo".




Todas essas visitas foram feitas na companhia do seu José Paulino, agricultor e também participante da comissão da feira, que nos encantou com sua sabedoria e bom humor.
Agora é dar continuidade e preparar o Feirão Agroecológico e Solidário do Vale do Jaguaribe, que acontecerá no mês de julho em Limoeiro do Norte, reunindo as três feiras.
Sigamos...

A Feira Agroecológica e Solidária tem como objetivo fomentar o conhecimento e difusão da agrobiodiversidade da caatinga e oportunizar a produção, comercialização, trabalho e renda para os/as agricultores/as agroecológicos e suas famílias.







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