“Desenvolvimento Rural Sustentável com garantia de
Direitos e Soberania Alimentar”. Esse foi o tema do o 21º Grito da Terra Brasil
(GTB) que reuniu, somente em Fortaleza, mais de cinco mil homens e mulheres do
campo. O evento, que ocorre entre os dias 18 e 22 de maio em todo o país, é
organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
No Ceará, a organização ficou por conta da Federação dos Trabalhadores Rurais
Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), com apoio
da rede de Articulação do Semiárido (ASA), da Organização Barreira Amigos
Solidários (Obas) e dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais, entre outras.
O 21º GTB teve início às 8h na Praça José Bonifácio, no
Centro. De lá, os manifestantes seguiram em marcha pelas ruas e avenidas de
Fortaleza, passando pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
(DNOCS). A caminhada teve fim na Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), na
Avenida Bezerra de Menezes, onde foram recebidos pela vice-governadora Izolda
Cela e pelo Chefe de Gabinete Élcio Batista.
Unidos em um único grito, os agricultores cearenses pediram melhores
condições de trabalho e renda, acesso a terra, ao crédito rural, água de
qualidade, segurança pública, saúde, educação e políticas públicas de
enfrentamento aos efeitos da seca e de convivência com o semiárido. Outros
temas gerais, como a reforma política e a posição contraria a projeto de lei da
Terceirização (PL 4330), também estiveram na pauta das reivindicações.
Para a agricultora
Maria Jacinta Martins, moradora do Sítio Jardim, no município de Mulungú, o
Grito da Terra é muito importante. “não é só pela terra, é pela segurança no
campo, pelo direito previdenciário, pelo auxílio doença, e muitos outros”,
afirma Jacinta.
Em sua fala, a vice-governadora do Estado, Izolda
Cela, lembrou que o GTB representa uma luta legítima, pela terra, pela produção,
pela sustentabilidade e pelo alimento no campo. “Com certeza, vocês contribuem
para fazer esse Brasil cada vez melhor e sabemos que nós, enquanto governo,
temos uma dívida muito alta ainda com o campo mas penso que estamos nos
esforçando para diminuir essa disparidade. Em uma de suas primeiras
manifestações, o governador Camilo Santana já falava exatamente sobre como
enfrentar os desafios pelos quais passam o Estado, principalmente na questão da
seca. Então, sei que ainda temos muito a fazer e estou aqui para fortalecer o nosso
compromisso”, afirmou a Izolda.
Em
seguida, o chefe de gabinete do Governador, Élcio Batista, apresentou as
reivindicações discutidas na audiência ocorrida na segunda-feira, 18, e oficializou o resultado da
negociação com a vice-governadora realizada nesta quarta-feira, 20. Entre os pontos conquistados pelos
trabalhadores rurais estão à perfuração e instalação de mais de 300 poços
demandados pela Fetraece e sindicatos por meio da Superintendência de Obras
Hidráulicas (Sohidra); garantia do desenvolvimento do Programa Estadual de
Assistência Técnica e Extensão Rural e que deve ser implementado até o fim de
2015; aplicação de R$ 1,3 milhão em assistência técnica para assentamentos
estaduais por meio do Instituto Agropólos; disponibilização de mais de R$ 3
milhões para a Regularização Fundiária; comprometimento de assentar quatro mil
famílias por meio do Programa Nacional do Crédito Fundiário até 2016 e garantiu
R$ 800 mil para a realização de quatro feiras da Agricultura Familiar
organizadas pela Fetraece.
Para a coordenadora do Cetra e da ASA no Ceará, Cristina
Nascimento, o Grito da terra é um momento de expressão da luta de trabalhadores
e trabalhadoras rurais, na defesa de seus direitos e na ampliação de políticas
publicas que possibilita a luta do campo. “Esse grito vem no momento importante
porque estamos a quatro anos de seca, e o governo tem obrigação de garantir
estrutura hídrica para que o homem e a mulher do campo tenham acesso à água
para consumo e produção de alimentos saudáveis no Semiárido”, cobrou.
Participaram do
evento, ainda, representantes de Central Única dos Trabalhadores (CUT), da
Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará
(Fetamce) e o deputado estadual, Moisés Braz, dentre outros representantes de
organizações não governamentais.
Texto:
Mara Cibely (Comunicadora Popular da Obas/ASA)
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