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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Práticas do bem viver de agricultoras e agricultoras em Aratuba

O friozinho da manhã que varria a serra na comunidade Jucazeiro, em Aratuba, não espantou o seu José Silva - conhecido por seu Zé Pequeno – das suas atividades cotidianas.
O cenário pode até parecer comum, com as cisternas de placas, tanto a de primeira água (aquela que é pra família beber e cozinhar) e a de segunda água (para produzir alimentos e dar de beber para animais de pequeno porte) que hoje modificam e embelezam as paisagens do semiárido: mas as histórias dessa família retratam a poesia e o bem viver no campo.
Junto com a esposa, dona Francisca Silva, e os noves filhos e filhas, ele vive da agricultura e da criação de pequenos animais. Sorridente, seu Zé recebeu a equipe da Obas narrando sua história sem perder a concentração ao aguar o canteiro de coentro: “Aqui é o lugar mais maravilhoso do mundo! Vou fazer 70 anos no dia 4 de junho e o melhor presente é que a gente tudim tem cisterna agora”.
Quando ficou sabendo que no dia 5 é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, ele logo fala: “Podia ser no dia 4, né? Aí ia ser uma homenagem pra mim, pois eu amo a terra e gosto de cuidar dela”, disparando uma gargalhada.
E é com esse bom humor que seu Zé nos convida a conhecer seus canteiros de cebolinha, mandioca, beterraba, batata, cenoura... “Aqui é só o começo. Mais pra lá você vai ver a parte das frutas, do feijão, do milho, do urucum... Aqui tendo água, a gente não passa dificuldade, pois a gente não tem medo de trabalhar”.
Toda essa disposição não esconde as dificuldades de um passado recente, em que o acesso à água era impedido pelos grandes proprietários de terras, que cercam as fontes. Seu Zé Pequeno volta no tempo e relata a humilhação de se trabalhar em terras arrendadas: “Trabalhei pros outros até 1970. A gente nem sabia se tinha algum direito. Os patrões nunca se importavam com a gente. Pra beber água boa a gente andava no lombo dos animais até a comunidade dos Fernandes, que fica uns 4 km daqui. Depois que a gente conseguiu a nossa terrinha, tudo mudou. Tão bom se todo mundo tivesse o seu pedacinho de terra pra plantar, nera?” falou emocionado.

Protagonismo das mulheres

Dona Francisca vem chegando e diz que sua família foi abençoada com as cisternas. “Só da gente saber que na hora de plantar a gente não fica dependendo de ninguém, é uma maravilha. Se a gente tem conhecimento, se tem terra e tem água, ninguém precisa ficar mandando na gente”, diz com firmeza a experiente agricultora. Com orgulho, dona Francisca assina o termo de recebimento da cisterna e posa pra foto com o marido e a neta. 
Seu Zé Pequeno, Kelly (animadora de campo) e dona Francisca
Mais uma vez, seu Zé Pequeno brinca perguntando se precisa botar paletó e calçar sapato pro retrato: “Eu tô nessa idade e nunca calcei sapato. A minha saúde é porque eu fico com o pé no chão”. Mais uma das pérolas do sábio agricultor. Além de dona Francisca, as mulheres da família são atuantes em todas as atividades e tomadas de decisões. “Aqui não tem isso não. As minhas filhas foram criadas pra vida. Todas sabem como cuidar de cada planta, sabem criar os filhos e sabem falar. Nem é preciso trabalhar fora porque o dinheiro da gente e a saúde a gente tira da nossa terra”, afirma dona Francisca.



Trabalho e União

Seu Beto e dona Lúcia com um dos oito filhos
Os irmãos e irmãs nos dão significativos exemplos de trabalhar em mutirão, respeitando as opiniões. Seu Carlos Alberto Silva dos Santos – o Beto – e sua esposa, dona Francisca Lúcia, criam os oito filhos observando os cuidados com a natureza, assim como seus irmãos.
Nos últimos 40 anos os ensinamentos de seu Zé Pequeno e dona Francisca valeram muito à pena, já que as pequenas propriedades dos filhos são próximas e trabalham na mesma perspectiva, tornando a geografia local um exemplo para o município. “A gente sabe que é difícil algumas coisas porque a gente não é obrigado a pensar tudo igual. Às vezes quando a gente quer fazer uma coisa e os outros não concordam, a gente conversa e vê se dá certo. O importante é respeitar a opinião”, diz seu Beto. Ele é um agricultor que gosta de experimentar novas técnicas de plantio e tem o traquejo de repassar todo o seu conhecimento de forma encantadora e paciente. Tanto que, ao participar do intercâmbio de experiências agroecológicas no Vale do Jaguaribe, promovido pelo Projeto Cisternas do Banco do Nordeste, seu Beto foi cercado de perguntas pelos agricultores e agricultoras de lá. Unindo a fala à prática, o agricultor muito contribui para que a vivência agroecológica se faça presente nos plantios.

vista panorâmica das cisternas das famílias


Sentado à beira do calçadão da cisterna recém-construída, Beto relembrou o que viu no intercâmbio quando passamos por terras exploradas pelo agronegócio: “Bom não é o ter. Bom é o viver! Não adianta aquela riqueza medonha e só uma pessoa fica com tudo. E ainda fica expulsando as famílias que moravam ali. Eu vi um monte de casa abandonada e só um tipo de planta numa terra enorme. Nem passarinho a gente via cantar lá. Dá é tristeza...”






Ensinando o amor a terra por gerações

Dona Deise e seu Paulo dividem as tarefas no roçado
A família segue a vida compartilhando os conhecimentos através das gerações. Isabela e Ana Paula – de 5 e 12 anos – são irmãs e convivem com a natureza desde sempre. As duas são filhas do seu Paulo e dona Deise – que é filha do seu Zé Pequeno. 
O casal nos recebe ao lado da cisterna de segunda água, finalizada agora. Seu Paulo faz planos de ampliar a área de cultivo, já que com a garantia da água armazenada, diminui os riscos na produção. “Nossa família é muito unida e a gente vai se ajudando. Essas cisternas era o que tava faltando pra gente melhorar o nosso trabalho”, diz o agricultor.

Ana Paula mostra o que o pai colheu no roçado



Seu Paulo avista sua filha Ana Paula no plantio de feijão e se orgulha. A garota nos mostra o que o seu pai está colhendo e com timidez nos diz que gosta muito do lugar onde mora. Ela vai à escola à tarde, e pela manhã desfruta da vida no campo.





Isabela mostra as tangerinas do seu quintal






Caminhando com a nossa equipe, a pequena Isabela faz questão de dizer o nome de cada fruta encontrada no seu quintal. 
Além de conhecer todas as frutíferas, ela diz que não gosta muito de limão porque é azedo, mas as outras frutas ela adora.
“Eu acho é bom aqui. Eu vou é muito com a minha mãe pegar leite da vaca e eu não tenho medo. Eu boto comida pras galinhas e gosto de chupar tangerina”, fala mansinho a garota.






Dos ensinamentos

Seu Paulo, Isabela e seu Beto no alpendre da casa

O suco de tangerina da dona Francisca veio pra brindar a manhã salpicada de ensinamentos. O alpendre ficou pequeno pra armazenar tanto amor pela natureza. É nele que a família se reúne pra celebrar a vida.
Nossas vidas percorrem caminhos sinuosos, que sobem e descem como na serra, e assim como nela, é preciso firmeza nos passos para trilhar essas veredas, atentamente, respeitando e direcionando nossos atos. E ser feliz no semiárido...

Saiba mais

O Programa de Cisternas do Banco do Nordeste está presente nos municípios de Aratuba, Palmácia, Pacajus, Granjeiro e Altaneira, levando duas tecnologias de captação e armazenamento de água da chuva: a cisterna de 1ª e 2ª água.


Em Aratuba, foram construídas 1.013 cisternas de 1ª Água e 138 cisternas de 2ª Água.

A cisterna de 1ª Água tem capacidade de armazenar 16 mil litros, suficientes para uma família de quatro pessoas cozinhar e beber durante a estiagem
A cisterna calçadão de 2ª Água, tem capacidade de armazenar 52 mil litros, para produção de hortaliças, legumes, árvores frutíferas e nativas, além de dar de beber a animais de pequeno porte, como galinhas e cabras.


Por Ricardo Wagner – Comunicador popular pela Obas/FCVSA

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Obas sedia Encontro Municipal do Colegiado Territorial do Maciço

  


Nesta segunda-feira, 25 de maio, o auditório da Organização Barreira Amigos Solidários (Obas) recebeu o Encontro Municipal para Revitalização do Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Território Maciço de Baturité (CODETEMB). Ao todo, cerca de 15 entidades de Barreira, entre sindicatos, movimentos e associações, participaram do evento, organizado pela Incubadora Tecnológica de Economia Solidária da Unilab (Intesol).

No Encontro, o aluno de Administração Pública da Unilab e bolsista da Intesol, Silvanar Soares, apresentou as divisões do Maciço de Baturité, o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável e as ações desenvolvidas pelo Colegiado na região, além de ressaltar a importância das instituições municipais para a revitalização do CODETEMB.

Ao final do evento, foram eleitas as instituições que irão compor o CODETEMB e participar da Plenária de Composição e Eleição do seu novo Núcleo Dirigente, previsto para o dia 29 de junho na Unilab, no Campo dos Palmares, em Acarape. As entidades escolhidas para membros efetivos no Colegiado que irão representar o município de Barreira são: Obas, Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintraf), Associação das Mulheres de Barreira (Asmub) e PA-Rural. Para suplência, foram escolhidos a Associação Vida Saudável, Movimento Cultural Cuspe na Cara Produções, Associação dos Moradores da Lagoa do Meio e a Associação dos Agentes de Saúde (AASB).

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Intercâmbio agroecológico promove troca de conhecimento entre agricultores de Aratuba, Limoeiro e Potiretama

Gracinha dá as boas vindas aos/as participantes
“Ter duas cisternas em casa, uma pra beber e outra pra plantar, é uma bênção”, Carlos Alberto Silva – Jucazeiro - Aratuba.

Ainda cobertos por uma névoa que se estendia por toda a serra de Aratuba, agricultoras e agricultores partiram em viagem para a comunidade de Caatingueirinha, em Potiretama, no Vale do Jaguaribe, nos dias 20 e 21 de maio. Uma oportunidade para conhecer experiências agroecológicas de outras famílias que são beneficiadas pelo programa de cisternas de placas. O intercâmbio foi acompanhado pela equipe do Banco do Nordeste, composta por Salomão Lelis (gerente de Produtos e Serviços - Direção Geral), Jeania Gomes (gerente executiva de Desenvolvimento Territorial – Superintendência/CE), Tuyna Fontenele (assessora de comunicação), Carlos Henrique Pitombeira e Francisco Henrique Dias (agentes de desenvolvimento), que financiou a construção de 1.113 cisternas de 1ª água e 138 de 2ª água no município de Aratuba, onde a Obas é a instituição responsável pela construção.
Após serem recebidos com um delicioso almoço na casa da Gracinha e seu Luís, fomos para a capela local, onde moradoras e moradores fizeram uma mística de boas vindas. Depoimentos comoventes sobre as mudanças nas vidas das pessoas preencheram o espaço de muita alegria e satisfação. “Como filha de produtor rural e conhecedora da realidade do semiárido, não dá pra não me emocionar ouvindo as histórias dessas famílias lutadoras, que comprovam que é possível mudar essas realidades quando se tem condições de plantar, quando se tem tecnologias que beneficiam a comunidade”, diz Jeania Gomes, com a voz embargada.

Visitando os canteiros
Gracinha fala do seu quintal produtivo

Todo mundo estava curioso pra saber como as famílias de Caatingueirinha mantinham seus plantios, já que a região tem sofrido bastante com a escassez de chuvas. “Aqui não está fácil. As chuvas não foram suficientes. Mas a gente sempre experimenta novas formas de economizar água e reaproveitar. E assim, com a cisterna calçadão, a gente consegue esticar por mais tempo e diminuir o sofrimento das plantas e dos animais”, diz Gracinha.

Autonomia na hora de plantar e o que plantar

Visitando a Casa de Sementes de Caatingueirinha -Potiretama/CE
A casa de sementes também despertou a curiosidade dos visitantes. “A gente chama de casa porque é um nome mais acolhedor. Com muito sacrifício e com o apoio do Banco do Nordeste, a gente ergueu este espaço em mutirão, o que faz com que todo mundo dê ainda mais valor, porque ela é nossa e porque mantém muita riqueza aqui, através das sementes que a gente preserva”, conta Gracinha. Ela ainda falou sobre a importância de se guardar as sementes crioulas para que as espécies não fiquem nas mãos do agronegócio. Os jovens foram citados como importantes agentes transformadores na perspectiva da convivência com o semiárido, já que a participação da juventude na comunidade se dá nos aspectos culturais e políticos, ocupando espaços de discussão de melhorias e aplicações de práticas agroecológicas, por exemplo.

Luta e resistência
Seu Beto (comunidade Jucazeiro/Aratuba) troca ideias com dona Fátima (Bixopá/Limoeiro)
No dia seguinte, a visita foi às experiências no distrito de Bixopá, em Limoeiro do Norte. Dona Santa – agricultora e facilitadora dos cursos de GRH da Obas – mais uma vez nos emocionou com sua sensibilidade e amor à terra. “Relembrar como era difícil a gente beber água limpa por aqui dá um aperto no coração da gente. Mas hoje a realidade é bem diferente. Com as duas cisternas, as dificuldades vão sendo vencidas. Coragem a gente tem pra trabalhar. O desafio agora é que temos que valorizar a agricultura saudável, sem usar veneno”, reforça dona Santa, que realiza práticas agroecológicas em seu quintal.
Dona Santa resgata memórias das lutas comunitárias
Na propriedade de dona Fátima, a cisterna calçadão aponta sinais positivos. “E é porque eu tenho um monte de coisas pra fazer durante o dia. Eu cuido da casa, das crianças, trabalho fora e ainda tenho um tempinho pra cuidar da minha horta.” É possível sentir o cheiro da cebolinha na sua estufa, que também produz pimentão, tomate cereja, couve, beterraba e algumas espécies frutíferas, como o mamão e o limão. A produção de mel também faz parte das atividades da família. Com uma pequena usina, dona Fátima diz que a produtividade é boa, mas que a irregularidade das chuvas e o uso de agrotóxicos em propriedades vizinhas são ameaças à produção, já que afastam as abelhas.

Seu Edmilson (camisa rosa) recebe dicas do seu Paulo, de Aratuba
Na casa do agricultor Edmilson, também em Bixopá, a cisterna calçadão tem garantido fartura e qualidade de vida. “Vocês podem ver que aqui as plantas se desenvolvem bem. Eu planto cenoura, alface, beterraba, pimentão, tomate, cebolinha... Não uso nem uma gota de veneno. Se aparecer qualquer praga aqui, eu prefiro arrancar tudo do que aplicar veneno”, diz o agricultor.


A visita de campo foi ainda mais interessante porque os agricultores de Aratuba demonstraram como realizam seus plantios, dando dicas práticas de contenção da água nos canteiros, receitas caseiras de defensivos naturais e também de como preparar o solo.
“Essa aula que a gente tem com outros agricultores serve demais porque a gente aprende que não é preciso usar veneno nem botar fogo. Quanto mais a gente conhece o jeito de plantar, mais a gente melhora a produção. Acho que se todo mundo tiver oportunidade de conhecer o que outras pessoas estão fazendo por aí, ninguém vai passar dificuldade”, disse sorridente o agricultor Beto, da comunidade Jucazeiro, em Aratuba.
Os intercâmbios comprovam que o conhecimento científico unido ao saber popular ganham força se somados e multiplicados. É a agroecologia transformando mentes e o mundo.

Saiba mais

O Programa de Cisternas do Banco do Nordeste está presente nos municípios de Aratuba, Palmácia, Pacajus, Granjeiro e Altaneira, levando duas tecnologias de captação e armazenamento de água da chuva: a cisterna de 1ª e 2ª água.


Foram construídas 2.844 cisternas de 1ª Água, com capacidade de 16 mil litros, suficientes para uma família de quatro pessoas cozinhar e beber durante a estiagem.


Foram construídas 300 cisternas calçadão de 2ª Água, com capacidade de  52 mil litros, para produção de hortaliças, legumes, árvores frutíferas e nativas, além de dar de beber a animais de pequeno porte, como galinhas e cabras.



Ricardo Wagner – comunicador popular Obas/FCVSA



21º Grito da Terra reúne mais de 5 mil pessoas em Fortaleza



“Desenvolvimento Rural Sustentável com garantia de Direitos e Soberania Alimentar”. Esse foi o tema do o 21º Grito da Terra Brasil (GTB) que reuniu, somente em Fortaleza, mais de cinco mil homens e mulheres do campo. O evento, que ocorre entre os dias 18 e 22 de maio em todo o país, é organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). No Ceará, a organização ficou por conta da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), com apoio da rede de Articulação do Semiárido (ASA), da Organização Barreira Amigos Solidários (Obas) e dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais, entre outras.

O 21º GTB teve início às 8h na Praça José Bonifácio, no Centro. De lá, os manifestantes seguiram em marcha pelas ruas e avenidas de Fortaleza, passando pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). A caminhada teve fim na Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), na Avenida Bezerra de Menezes, onde foram recebidos pela vice-governadora Izolda Cela e pelo Chefe de Gabinete Élcio Batista.

Unidos em um único grito, os agricultores cearenses pediram melhores condições de trabalho e renda, acesso a terra, ao crédito rural, água de qualidade, segurança pública, saúde, educação e políticas públicas de enfrentamento aos efeitos da seca e de convivência com o semiárido. Outros temas gerais, como a reforma política e a posição contraria a projeto de lei da Terceirização (PL 4330), também estiveram na pauta das reivindicações.

Para a agricultora Maria Jacinta Martins, moradora do Sítio Jardim, no município de Mulungú, o Grito da Terra é muito importante. “não é só pela terra, é pela segurança no campo, pelo direito previdenciário, pelo auxílio doença, e muitos outros”, afirma Jacinta.

Em sua fala, a vice-governadora do Estado, Izolda Cela, lembrou que o GTB representa uma luta legítima, pela terra, pela produção, pela sustentabilidade e pelo alimento no campo. “Com certeza, vocês contribuem para fazer esse Brasil cada vez melhor e sabemos que nós, enquanto governo, temos uma dívida muito alta ainda com o campo mas penso que estamos nos esforçando para diminuir essa disparidade. Em uma de suas primeiras manifestações, o governador Camilo Santana já falava exatamente sobre como enfrentar os desafios pelos quais passam o Estado, principalmente na questão da seca. Então, sei que ainda temos muito a fazer e estou aqui para fortalecer o nosso compromisso”, afirmou a Izolda.

Em seguida, o chefe de gabinete do Governador, Élcio Batista, apresentou as reivindicações discutidas na audiência ocorrida na segunda-feira, 18, e oficializou o resultado da negociação com a vice-governadora realizada nesta quarta-feira, 20.  Entre os pontos conquistados pelos trabalhadores rurais estão à perfuração e instalação de mais de 300 poços demandados pela Fetraece e sindicatos por meio da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra); garantia do desenvolvimento do Programa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural e que deve ser implementado até o fim de 2015; aplicação de R$ 1,3 milhão em assistência técnica para assentamentos estaduais por meio do Instituto Agropólos; disponibilização de mais de R$ 3 milhões para a Regularização Fundiária; comprometimento de assentar quatro mil famílias por meio do Programa Nacional do Crédito Fundiário até 2016 e garantiu R$ 800 mil para a realização de quatro feiras da Agricultura Familiar organizadas pela Fetraece.

Para a coordenadora do Cetra e da ASA no Ceará, Cristina Nascimento, o Grito da terra é um momento de expressão da luta de trabalhadores e trabalhadoras rurais, na defesa de seus direitos e na ampliação de políticas publicas que possibilita a luta do campo. “Esse grito vem no momento importante porque estamos a quatro anos de seca, e o governo tem obrigação de garantir estrutura hídrica para que o homem e a mulher do campo tenham acesso à água para consumo e produção de alimentos saudáveis no Semiárido”, cobrou.

Participaram do evento, ainda, representantes de Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce) e o deputado estadual, Moisés Braz, dentre outros representantes de organizações não governamentais.



Texto: Mara Cibely (Comunicadora Popular da Obas/ASA)

terça-feira, 19 de maio de 2015

Obas é uma das delegadas na próxima Conferência Territorial de SAN

Segurança Alimentar nas escolas do município, esse foi o tema da reunião da Conferência Municipal de Segurança Alimentar de Barreira (CONSEA) que ocorreu nesta quinta-feira, 7 de maio, no auditório da Prefeitura Municipal. Entre os presentes, secretários municipais, professores, merendeiras, sindicatos e organizações civis. Ao final do evento, foram escolhidos os delegados para a Conferência Territorial de Segurança Alimentar e Nutricional, que ocorrerá em Baturité nos próximos meses. A Obas – Organização Barreira Amigos Solidários foi uma das instituições eleitas para o envio de representante.

Para o presidente do CONSEA de Barreira, Iran Pereira, é necessário ampliar o debate sobre segurança alimentar para dentro das escolas, avaliando, principalmente, a qualidade dos alimentos da merenda. “É preciso verificar como está sendo a produção desse alimento. Se ele está livre de agrotóxicos e dentro das normas estabelecidas”, afirma. Além disso, como proposta para a Conferência Territorial, foi sugerido o aumento do valor de alimentação diária por aluno, que é, atualmente, cerca de R$ 0,30.

A qualidade deve ser vista nos próximos meses já que, segundo o secretário de Desenvolvimento Agrário, Zé Maia, o número de produtores cadastrados no Plano de Aquisição de Alimentos (PAA) no município, cuja qualidade é assegurada, aumentou de 11, em 2010, para 104, em 2014.

Ao final do evento, foram eleitos os delegados para Conferência Territorial de SAN. Os representantes selecionados são da Obas, NIC, Flora e das Secretarias Municipais de Meio Ambiente e de Educação.


Famílias de Limoeiro do Norte e Jaguaretama recebem formação de GRH


Participantes do GRH da comunidade Gangorra recebem certificado de participação e material do curso.
 Nesta sexta-feira, sábado e domingo – dias 15, 16 e 17 de maio – agricultores e agricultoras dos municípios de Limoeiro do Norte e de Jaguaretama participaram do curso de Gerenciamento de Recursos Hídricos (GRH). A formação é necessária para quem irá receber cisternas de placa de primeira água. O programa é realizado pela Obas, em parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário (SDA).

Agricultoras e agricultores da comunidade Sapé participam de "artividade lúdica", com o tema agroecologia.
Na comunidade de Sapé foram capacitados 24 agricultores. Já em Gangorra, 23 pessoas participaram da formação.

Facilitadora Bethy Martins com participantes da comunidade Desterro.
No domingo, foi a vez da comunidade Desterro, em Jaguaretama, receber o GRH. No município, 25 pessoas participaram do curso.  

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Beneficiários do P1+2 recebem capacitação de SISMA em Palmácia



Cerca de 28 famílias beneficiárias do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) participaram nesta quarta e quinta-feira, 13 e 14 de maio, do curso de Sistema Simplificado de Manejo de Água para Irrigação (SISMA). A formação ocorreu na comunidade de Araticum, no município de Palmácia. O curso foi ministrado pelos técnicos da Organização Barreira Amigos Solidários (Obas), Gerdon Maciel e Beth Martins. Na região, o P1+2 é realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e Banco do Nordeste (BNB), em parceria com a Obas.




 No primeiro dia, os agricultores e agricultoras tiveram aulas sobre práticas de produção agroecológicas. Além disso, informações sobre metodologias e técnicas de produção adequadas ao Semiárido, os malefícios dos venenos e adubos químicos, manejo de água para irrigação e alimentação animal, produção e uso de defensivos naturais, entre outros, foram debatidos.

Já na manhã da quinta-feira, foi realizado um mutirão para construção de dois canteiros econômicos. Com uma lona, cinco metros de cano pvc, algumas garrafas pets preenchidas com água e telhas, os agricultores tiveram a experiência da produção de um canteiro no entorno da cisterna do senhor Chiquinho de Araticum, morador da comunidade. Eles puderam ver na prática como realizar a construção, já que cada beneficiário receberá os materiais para construir os canteiros na própria casa.

O Sisma constitui a segunda etapa de formação para as famílias beneficiárias do P1+2. A primeira capacitação foi em Gestão de Água para a Produção (Gapa), já realizada no município.


Mara Cibely – comunicadora Obas/FCVSA

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Making off - Matéria sobre cisternas em Barreira - CE

Registros fotográficos da matéria da TV Verdes Mares sobre as tecnologias de captação de água da chuva na comunidade Torre de Aço, em Barreira - CE.
A matéria foi ao ar no dia 1º de março de 2015.

Assista a matéria completa no link:
http://g1.globo.com/ceara/ne-rural/videos/t/edicoes/v/moradores-de-barreira-aproveitam-chuvas-para-abastecer-agua-em-cisternas/3999247/
Jorge Pinto (coordenador de projetos da Obas) falando sobre os cursos de GRH

Dona Maria Sandra, agricultora beneficiária da cisterna fala sobre as vantagens da cisterna de placas

Pedreiro fazendo acabamento interno da cisterna de 16 mil litros.

Ramona - Agricultora e beneficiária que trabalhou como servente de pedreira na construção da sua cisterna.

Jaris (animador de campo) Claudinha (mobilizadora da comissão municipal) e Jorge orientam beneficiária sobre os cuidados com a cisterna.

Dona Iracilda feliz da vida com a sua cisterna.

Liduíno  participando do curso de capacitação de pedreiros.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Unilab reúne organizações para discutir ações para o Maciço de Baturité

Na manhã de hoje, 12 de maio, a Incubadora Tecnológica de Economia Solidária (Intesol) abriu suas portas para uma reunião de apresentação das ações das diversas instituições que atuam no território do Maciço de Baturité.

“É saber, participação, bem viver, democracia, articulação com os grupos de base, trabalho coletivo, saber popular, dinamismo institucional, arte e cultura, solidariedade, integração, trabalho, gênero, geração e empoderamento dos atores e atrizes que atuam no território”. Com essas palavras ditas coletivamente, foi construída a frase proposta na dinâmica, simbolizando o entendimento sobre desenvolvimento territorial.

A professora Clébia Freitas, coordenadora da Intesol, demonstrou seu entusiasmo ao apresentar a estratégia de inclusão produtiva que a Unilab vem desenvolvendo com as famílias que tem na prática da economia solidária a afirmação das inúmeras possibilidades que esse modelo de economia traz.
 Em seguida, Thiago Ramalho, comunicador da Obas, apresentou dois projetos em andamento: “Feiras Solidárias” e “Juventude, Trabalho e Bem Viver”, apoiados pela PPP-Ecos e União Européia, respectivamente. “Foi um momento bastante interessante, já que as outras instituições participantes puderam conhecer mais sobre o projeto e o quanto ele contribuirá com a agroecologia e as discussões do papel político da juventude, por exemplo”, afirmou o comunicador.

O Cetra explanou sobre a chamada pública de Ater e os municípios de atuação, assim como a Copasat que trouxe seu histórico institucional e suas ações em andamento.



Com a valiosa fala do professor Ribamar Furtado, pudemos refletir e propor como encaminhamento um evento de diálogos e saberes, a fim de aproximar a academia e a comunidade em propostas que evidenciem as práticas agroecológicas, a participação popular e a economia solidária, partilhando os acúmulos de experiências e discutindo novas ações.

São os saberes rodopiando pelas serras do Maciço...

  Participaram da reunião: profª Clébia Freitas (Unilab), Dalber (estudante de Agronomia da Unilab), Tassia e Silvanar (estudantes de Administração Pública da Unilab), Gisele (bolsista Intesol),Thiago Ramalho e Ricardo Wagner (comunicadores populares pela Obas), Rafael (bolsista Intesol), Suyane, Manoel  e Neila Santos(Cetra), Talina, Egma e Túlio (Coopasat) e prof. Ribamar Furtado (Unilab).

 Por Ricardo Wagner – Comunicador popular pela Obas/ASA


Cetra apresenta Programa “Sementes do Semiárido” em Barreira



Durante a manhã de 5 de maio, o auditório da Obas recebeu a visita de agricultores e agricultoras, representantes do sindicato e comissões, secretários municipais e lideranças comunitárias. O objetivo da reunião foi a apresentação do Programa de Manejo da Agrobiodiversidade “Sementes do Semiárido” e a chamada pública de Assessoria Técnica no Território Rural do Maciço de Baturité, ambos desenvolvidos pelo Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria Técnica (Cetra) no município de Barreira


terça-feira, 5 de maio de 2015

A bolsa mágica


Olha aí o clipe de animação (stop motion) feito pela equipe de comunicação da Obas sobre as espécies plantadas na nossa horta.
Boa diversão!

Horta agroecológica da Obas



Olha aí, pessoal!
O processo de construção da nossa horta aqui na Obas. Tem mamão, pimenta, coentro, maracujá, feijão girassol, capim santo, tomate...
Em breve, realizaremos a festa da colheita.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A Obas no 3º Festival da Juventude Rural



Rosa Nascimento (assessora do FCVSA) Deisiane, Natália, Mayane e Breno.
O 3º Festival da Juventude Rural foi um evento realizado para discutir juventude na luta por terra, agricultura familiar, políticas públicas e sucessão rural na América Latina. Mas não parou por aí! Tornou-se um evento de uma riqueza imensurável, mistura de etnias e uma troca mútua de experiências. 

Todas as regiões do Brasil trouxeram suas artes, suas tradições, seus artesanatos. As noites culturais eram das mais lindas! Durante todos os dias a juventude tinha a oportunidade de expressão, reivindicação e de aprendizagem, isso através das plenárias que retratavam assuntos importantes como agroecologia e organização de produção, organização sindical, sucessão rural na perspectiva de gênero e geração, sustentabilidade político-financeira do MSTTR, gêneros sexuais e políticas públicas.


Durante os quatro dias de Festival pode-se aprender e conhecer muito de todas as regiões do Brasil. Contamos com a presença da nossa presidenta Dilma Rousseff que falou sobre a maioridade penal e sobre os projetos que irão beneficiar os jovens agricultores e agricultoras. Por fim, no último dia do evento fizemos uma caminhada pelos Ministérios federais reivindicando e conscientizando sobre os benefícios da agroecologia e os malefícios do agronegócio.


Tenho a certeza que toda a juventude que participou do festival saiu de lá com uma opinião formada sobre o que querer de um futuro próximo. Todos esperam e acreditam em um Brasil melhor, com muito mais possibilidades!

Texto e fotos: Mayane Castro, 22 anos, auxiliar administrativa

Representante da Obas no 3º Festival da Juventude Rural