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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Território do Maciço de Baturité realiza a sua primeira plenária de 2015

“Só deixo o meu território na derradeira topic...”
Paródia do poema do Patativa do Assaré, escrita por Silvanar Pereira


Ontem, 29 de janeiro, representações de movimentos sociais, organizações não governamentais, poder público, estudantes, professoras e professores, agricultoras e agricultores dos municípios que compõem o território do Maciço de Baturité, estiveram reunidos na Unilab - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, para a Plenária Geral do Colegiado Territorial do Território Maciço do Baturité.

Com direito à mística de boas vindas, onde a realidade do campo foi retratada, o momento foi de compartilhar experiências apontando e refletindo suas aplicações e continuidade.
Na mesa de abertura, temas como a escassez da água, projetos da Unilab em andamento e cajucultura foram pertinentes, provocando as falas para o debate.

Segundo a professora Rafaela Pessoa, “É importante que a nossa visão sobre o que está acontecendo seja respaldada pelas vivências da população”.

Secretário de Desenvolvimento Agrário, Dedé Teixeira
Ainda sobre a exposição dos temas, o atual secretário de Desenvolvimento Agrário do Ceará, Dedé Teixeira, apresentou o painel “Ceará da Gestão Democrática por Resultados”. Dentre as ações prioritárias, citou a redefinição de recorte territorial como unidades de planejamento e integração das diversas políticas públicas, lembrando que é preciso pensar na segurança hídrica como fator fundamental para a implementação dos projetos.

Outro ponto apresentado foi a redefinição do sistema de planejamento e gestão participativa, envolvendo a organização e institucionalização de conselhos de desenvolvimento, criando um fundo para cada território de identidade.


Francisco Nelsieudes (MDA) apresentando o programa.
O Delegado Federal do Desenvolvimento Agrário do Ceará, Francisco Nelsieudes Sombra, fez a apresentação do programa “Territórios de Identidade e seus Impactos no Meio Rural”, além do organograma do Ministério do Desenvolvimento Rural – MDA. Ele citou os critérios de seleção para os territórios da cidadania, instâncias e estruturas de gestão e políticas públicas prioritárias, que vão desde os programas Minha Casa, Minha Vida Rural, chamadas públicas de ATER (agroecologia e sustentabilidade) à infraestrutura.




Prof. Ribamar conversando sobre projeto "Diálogo dos Saberes"
Diálogo dos Saberes
Já pela academia, o professor Ribamar Furtado explanou sobre o projeto “Diálogo dos Saberes”, afirmando que é importante estabelecer troca de saberes entre a sociedade e universidades, com concepções pedagógicas e leituras de mundo diferenciadas, com base em Paulo Freire. Com o projeto, as alunas e alunos passam dois anos em comunidades, como uma residência médica, elaborando planos de desenvolvimento, e trazem reflexões como: “que campo é este atual? Há diferenças entre o campo tradicional e o atual? Como revitalizar os sistemas florestais? Como estão estabelecidas as novas relações familiares no campo? Há perda dos vínculos com a vida no campo e na agricultura?”.

Segundo o professor Furtado, “A Unilab é a última universidade do país que se propõe a trabalhar com a agricultura familiar camponesa”. E ele provoca: “Quem vai empregar esses jovens?”

Profª Clébia Freitas, dialogando sobre a Intesol

A Economia Solidária como matriz curricular
Essa é a expectativa da professora Clébia Freitas, de estudantes e de tantas outras pessoas que já estão familiarizadas com a economia solidária. A professora, que também é coordenadora do Intesol – Incubadora Tecnológica de Economia Solidária da UNILAB, relatou as estratégias de inclusão produtiva, e a rede que se forma a partir do conhecimento e desenvolvimento dos projetos dos bolsistas.



Silvanar Pereira debatendo sobre os interesses do território


Após a exposição, o debate foi bem questionador. O representante do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Aracoiaba, Silvanar Pereira, lembrou que a participação dos municípios e a organização das plenárias devem estar melhor articuladas e mais autônomas. “É preciso que a gente se reúna com mais freqüência e consigamos ser protagonistas das ações de interesse do Maciço. Não dá para ficarmos esperando que as decisões sejam tomadas por terceiros, quando a gente é que faz parte do território”, relatou.

Sobre o monocultivo do caju e modelos de desenvolvimento, Silvanar lembrou que a atividade também se refletiu sobre a exploração do trabalho das mulheres nas indústrias de beneficiamento do caju, e as grandes florestas de uma única cultura.
Pelo visto, não faltará temas a se debater. Agora é arregaçar as mangas.

Agende-se
Próxima plenária – 13 de março em Aracoiaba.
Feira Territorial de Comercialização – março em Guaramiranga.

13 municípios compõem o Maciço de Baturité - Acarape, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Baturité, Capistrano, Guaramiranga, Itapiúna, Mulungu, Ocara, Pacoti, Palmácia e Redenção.

Por Ricardo Wagner - Comunicador popular Obas/ASA


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Plantar sementes, partilhar saberes...


Pensar no futuro. Plantar. Cultivar. Conservar. Reflorestar. Essas são as palavras de ordem de Gilvan Sousa, de 30 anos, morador da comunidade de Tapuio, há 18 km do centro de Tabuleiro do Norte (CE).

Na casa, onde mora com sua mãe, dona Nilda de Sousa, Gilvan cultiva diversas plantas. O viveiro tem mudas frutíferas, ornamentais e, ainda, um pequeno espaço reservado exclusivamente para plantas da caatinga. “Mas tudo verdinho como está aqui só foi possível depois que chegou a cisterna de segunda água”, afirma.

O tempo de espera entre um reservatório e outro foi pra lá de 15 anos. “Fomos umas das primeiras famílias a receber a cisterna de primeira água, e é dessa que a gente bebe. Mas a segunda cisterna eu que ajudei a construir. E foi muito trabalho, de sol a sol. Mas a felicidade de vê-la pronta, servindo para os animais e para as plantas, é muito grande e compensa todo o esforço e espera”, garante Gilvan.

E como a vida melhorou, alegra-se o agricultor. “Antes, comprávamos uma carrada d’água por mês. Mal dava para nós, imagine para os bichos e para a plantação! Mesmo assim eu não deixava de plantar. Hoje, com a cisterna de enxurrada não tem nem como comparar. Se dividir 52 mil litros por ano, dá mais de 4 mil litros por mês, e se economizar num mês, ainda sobra para o outro!”, calcula.

O agricultor também lembra que na comunidade todos se ajudam. “Os animais bebem da água, que também serve para as plantas. Aqui não tem mais carro pipa não. Se faltar água em algum canto, temos que ceder porque não pode negar água para ninguém, todos são nossos irmãos. Quem necessitar pode vim buscar água em nossa casa. Sei que também farão o mesmo com a gente, se precisarmos”.

Depois que a cisterna de enxurrada chegou, em setembro de 2013, muita coisa mudou mesmo. “Já tínhamos algumas mudas plantadas, mas era pouco. Em outubro teve uma grande chuva e começamos a produzir feijão, milho, melancia, melão. Em dezembro já tirávamos jerimum para o nosso consumo. Logo depois, começamos a vender as verduras”, explica.

Junto com a chegada da cisterna de segunda água, Gilvan recebeu um quintal. “Vieram dois canteiros e já construí outros dois. Produzo cebola, pimentão, coentro, etc. O bom é que vendemos dentro da própria comunidade, ou para quem vem nos visitar. A venda é certa porque todos sabem que é tudo orgânico, não tem nada de veneno”.

A experiência, ele partilha com todos. “Recebemos muitas visitas e levamos as pessoas quintal adentro, para que elas vejam que está funcionando”. Nas visitas nos intercâmbios, aprendeu a fazer defensivos e receitas sem venenos. “As coisas que aprendo sempre trago pra cá. E para onde vou, também levo minhas sementes porque eu não posso somente ir às casas das pessoas buscar algo, eu também tenho que levar. Se ela já tiver aquela muda, aí eu trago as sementes de volta, mas se ela não tiver, eu deixo lá. Partilhar, é isso que significa pra mim a importância do intercâmbio”, comenta.

Em uma de suas visitas, explica Gilvan, ele trouxe umas sementes de feijão andu, nativo da região, mas que tinha desaparecido há alguns anos. “Trouxe e dividi com toda a comunidade, plantamos e já temos várias mudas de feijão”. Com sua experiência, Gilvan começa a montar agora, a Casa de Sementes da comunidade.

E o costume ele já passou para a família. A mãe, dona Nilda de Sousa, lembra que sempre que vai ao supermercado e vê uma fruta diferente, acaba comprando para tirar a semente e plantar. Eles fizeram isso com limão, laranja, azeitona, ameixa e outras. “Quem tem sementes,
sempre manda um pouco para mim, porque sabe que eu gosto de plantar ou presentear alguém com mudas. Sou igual a um passarinho, onde eu vejo uma semente,  tenho que trazer”, conta sorrindo.

“Tenho um terreno de 2 hectares, e um dos meus projetos é reflorestá-lo. Já temos mudas de Juazeiro, Cumaru, Marizeira, Sabiá, Carnaúba, Ipé roxo ou Pau d’arco. E plantado já tem sapoti, caqui, jambo, jaca mole, azeitona, graviola, pitomba, manga rosa e maga itamaracá, goiaba, limão. Até um nome já tem. Lá se chama Arco Florestal!”, finaliza Gilvan alegre como quem já prevê o futuro.



quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Obas realiza curso de pedreiro em Barreira

Cerca de 10 agricultores estão participando, nesta quinta e sexta-feira, dias 22 e 23 de janeiro, do curso de Capacitação de Pedreiros para construção de cisternas de primeira água, no município de Barreira. O treinamento da mão de obra local vai contribuir para agilizar as construções de mais 430 cisternas das famílias agricultoras já cadastradas na região. Essa ação é realizada através do Programa de Cisternas, desenvolvido pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), e executado pelaOrganização Barreira Amigos Solidários (Obas).

Durante as aulas, que são todas práticas, os alunos aprendem sobre a quantidade adequada de água e material para a construção das placas que envolverão as paredes das cisternas. Além disso, têm acesso as informações sobre a implementação dessas tecnologias para armazenamento de água da chuva, viabilizando a melhoria da qualidade de vida das famílias no Semiárido.

A capacitação de pedreiros é destinada a agricultores e agricultoras que têm o interesse de participar do curso.Além disso, o treinamento permite que homens e mulheres possam ter uma renda a mais e movimentar a economia do município, já que os alunos, depois de capacitados, serão contratados e recebem um auxílio pelo trabalho realizado na região.




Além das 430 famílias já cadastradas, outras 1.070 deverão receber cisternas de primeira água no município de Barreira, somando um total de 1.500 famílias beneficiadas até o final do projeto.






Texto: Mara Cibely
Fotos: Thiago Ramalho e Ricardo Wagner


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

SELEÇÃO DE CURRÍCULOS

A Obas – Organização Barreira Amigos Solidários, está recebendo currículos de profissionais de diferentes áreas para compor seu banco de cadastros de reserva, com seleção imediata, tendo em vista a aprovação de diversos projetos em parceria com União Européia, P1+2 – Projeto Uma Terra e Duas Águas, Projeto de Cisternas, Primeiro Passo, entre outros.
A prioridade é para profissionais da área de Psicologia, Assistência Social, Pedagogia, Contabilidade, Comunicação, Agronomia, Tecnólogos da área agrícola, ambiental e Agropecuária. A classificação será com base na experiência profissional.
Podemos receber currículos de todas as áreas, tanto Nível Superior, como Nível Médio, para posterior análise de necessidade.
Os salários a combinar, a depender da planilha financeira de cada projeto.
Os currículos podem ser enviados por e-mail ou entregues na sede da Obas a partir do dia 16 de janeiro (ver o  endereço e e-mail no rodapé desta página) com o seguinte título:
CURRÍCULO – CADASTROS RESERVA
A/C SETOR PESSOAL

Os/As candidatos/as selecionados/as serão chamados/as para entrevista na sede da entidade.

OBAS - Organização Barreira Amigos Solidários
Av. Mãe Sinforosa, 252 - Barreira CE
cep; 62.795-000
obas_ong@yahoo.com.br

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Projeto de cisternas de placas beneficiará famílias de Limoeiro do Norte e Quixeré





Ontem e hoje, 13 e 14 de janeiro, a Obas reuniu-se com famílias rurais dos municípios de Limoeiro do Norte e Quixeré para apresentar o Projeto de Implementação de Cisternas de Placas, realizado em parceria com a SDA (Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará). Ao todo, o projeto beneficiará 747 famílias em Limoeiro do Norte e 85 em Quixeré.





Ivan Amaro, coordenador do projeto pela Obas
A ação é de mobilização e garantia do direito à água de qualidade, onde a coordenação da Obas, juntamente com a Comissão Municipal de Desenvolvimento Social - CMDS, formada por representantes da sociedade civil e poder público, explicam as etapas do projeto às famílias. “As comissões municipais são os nossos olhos e nossas mãos nesse projeto. É fundamental a participação dos sindicatos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, das associações de agricultores e agricultoras, das pastorais, das secretarias de agricultura dos municípios, da Ematerce. Enfim, todos empenhados em garantir água de qualidade. Nós temos uma atuação de longa data aqui na região, e reconhecemos nas comissões municipais, a parceria ideal para o fortalecimento da nossa missão”, afirmou Ivan Amaro, coordenador da Obas que acompanha o projeto nesses municípios.


Equipe técnica da Obas inicia o cadastramento das famílias

Na reunião foram apresentados o histórico da Obas, a parceria com a ASA, a participação no FCVSA – Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, além dos critérios para o cadastramento, como são realizados os cursos de GRH – Gerenciamento de Recursos Hídricos, as capacitações dos pedreiros e pedreiras e a entrega e construção das cisternas.







Dona Maria do Socorro, da comissão municipal de Limoeiro
A importância do projeto vai além da construção dessa tecnologia social. Ele discute cidadania e a união da comunidade. “A gente sabe que as dificuldades de acesso à água podem ser superadas a partir da organização comunitária”, disse dona Maria do Socorro, participante da comissão municipal e morada da comunidade Congo, em Limoeiro.








Ricardo Wagner – Comunicador popular pela Obas/ASA.
Fotos: Thiago Ramalho e Mara Cibely